Caso Kiss

Bombeiro condenado por fraudar processo da Kiss faz um desabafo em carta

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O major do Corpo de Bombeiros Gerson da Rosa Pereira, condenado em primeira instância por fraude processual no caso da boate Kiss, enviou ao Diário uma carta em que faz um desabafo sobre sua condenação (leia a íntegra abaixo).

A sentença foi proferida pelo juiz Ulysses Fonseca Louzada na terça-feira e determinou a pena de seis meses de detenção em regime aberto, revertida em prestação de serviços comunitários e multa. Na sentença, Louzada entendeu que Gerson acrescentou documentos ao Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) da boate Kiss. Dias depois da tragédia, ainda em janeiro de 2013, conforme a denúncia do Ministério Público, o major acrescentou o croqui e o cálculo populacional da boate no documento que se encontrava no 4º CRB.

Publicada a sentença do Caso kiss na Justiça Militar

"Não há como negar que Gerson agiu com intuito de induzir em erro a autoridade policial, pois quis com a juntada dos documentos autenticados que tanto a polícia como o juízo achassem que aquela documentação fazia parte do PPCI referente à boate Kiss. Agiu com a intenção de demonstrar que o PPCI do Corpo de Bombeiros ou estava com documentação além do exigido em lei ou que este estava completo", escreveu o juiz na sentença.

À decisão, cabe recurso, e um dos defensores públicos que atuou no caso, Henrique Marder da Rosa, informou ainda na terça que irá recorrer da sentença.

A CARTA

"DESABAFO DE UM BOMBEIRO CONDENADO

Pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mau.”

Eclesiastes 12:14

Condenação injusta....creio que sim, creio que não. Embora me afigure injusta, foi branda perto da dor da perda dos pais e maior seria com a perda de meus filhos naquela noite trágica. Creio que hoje seria condenado da mesma maneira e nada devolveria meus filhos e, para mim, a vida não teria mais sentido.

Se esta condenação aliviar a dor dos pais, sinto-me leve; se esta condenação viabilizar aspirações políticas de algum delegado, sinto-me leve. Se esta condenação tirar a responsabilidade do Ministério Público e seus agentes, sinto-me aliviado. Se esta condenação for uma satisfação do Juiz prolator da sentença às famílias e não a sua consciência, sinto-me aliviado. Se esta sentença fechar o circuito da “dita justiça”, tanto militar como a comum, sinto-me aliviado. Só resta saber se eu e os dois Oficiais condenados na Justiça Militar seremos propalados como os três mosqueteiros ou os três patetas!

Queria chorar (sem qualquer alusão a alguém), abraçar todos os pais que sofreram e vem sofrendo dia após dia, mas não tive esta oportunidade. Rezo por eles todos os dias e peço misericórdia a Deus! Insistentemente o Ministério Público e o Juiz togado me ofereceram a transação penal com o pagamento de um salário mínimo como forma de me redimir, não o aceitei, optei pelo processo para provar minha inocência. Acreditei! Aprendi com meus pais e minha família que a verdade não se transaciona e a dignidade não tem preço! Esperava justiça talvez ela tenha vindo ou não!

Mas se for para aliviar os pais daquelas crianças, mais uma vez, aceito, pois não há tribunal mais imparcial e implacável que o divino! Se pudesse optar por uma prestação de serviço à comunidade como anunciou a sentença, gostaria de exercer o meu papel de Bombeiro Militar e cumpri-la fiscalizando a segurança de locais de r"

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